terça-feira, 3 de julho de 2012

EGOCENTRISMO

Egocentrismo infantil
É importante reconhecer a sua presença nos primeiros anos de vida de uma criança e saber lidar com ele

"Toda criança é egocêntrica". Para a psicóloga Luciana Mathias, de São Paulo, isso é um fato. Segundo ela, a criança apresenta comportamentos egocêntricos até, aproximadamente, oito anos de idade. Mas, como as crianças têm ingressado mais cedo na escola, está ocorrendo uma diminuição desse estágio para cerca de cinco anos. "A escola tem papel socializador, ajudando o aluno a fazer essa mudança sadia", explica Luciana. A criança egocêntrica não consegue perceber o outro. Também não mostra empatia em se colocar no lugar de outras pessoas. Não gosta de compartilhar atenção ou pertences e precisa ter sempre suas vontades satisfeitas. Não vê necessiades de explicar aquilo que diz ou que faz, porque acredita que sempre é compreendida.


Como lida com as frustrações

"A criança egocêntrica tem dificuldade para lidar com as frustrações porque não percebe nada além do desejo e do sentimento dela", diz Luciana Mathias. Por essa razão, ela se indigna com reações que vêm de fora, podendo se defender agressivamente. Embora sua família seja a primeira e mais duradoura referência, a escola também precisa ter jogo de cintura e saber posicionar nessa fase. O primeiro passo é admitir o egocentrismo e conhecer os sintomas que podem ser manifestados a partir de um trato inapropriado da questão. A psicóloga cita:
A birra: é praticamente reflexo do egocentrismo. "É um sintoma nato, porque mostra como a criança quer chamar a atenção de pais ou educadores para ela", justifica Luciana.
A agressividade: é comum a criança apelar para mordidas nessa fase do seu desenvolvimento, o que para a psicóloga, também é sintoma de egocentrismo pouco trabalhado. " A fase oral denuncia o egocentrismo, porque é por meio da boca que a criança consegue dar conta do seu desejo e manifestá-lo", relaciona Luciana.
As atitudes melancólicas: é quando a criança tem o hábito de vitimizar-se. Ela tenta conseguir o que quer mostrando sofrimento e tristeza.
Tais sintomas podem aparecer no período da elaboração da criança, ou seja, quando ela se dá conta de que vai precisar lidar com vontades e idéias diferentes da dela.


Ações na escola

Pequenas ações programadas pelo corpo docente podem contribuir para que os alunos superem a fase do egocentrismo com tranquilidade:
Y Propor sempre atividades em dupla;

Y  Promover rodízios na sala de aula, para que as crianças sentem-se em lugares diferentes e relacionem-se com novos amigos;
Y  Mostrar-se abertos para conversas francas e mostrar interesse pela vida das crianças (exemplo: "O que vocês fizeram no fim de semana?");
Y  Dialogar diante de um comportamento agressivo, como quando um aluno tira um brinquedo do colega e este responde com mordida ou empurrão. Procurar entender o motivo   de ele ter agido de tal maneira e tentar mostrar como brincar junto pode ser interessante;
Y  Criar combinados junto com as crianças, já que elas podem rejeitar regras pré-estabelecidas;
Y  Ter presença de um psicólogo na escola para orientar pais e professoras, por meio de encontros, conversas e palestras;
Y  Evitar fazer comparações tipo "Joãozinho é mais caprichoso que Pedrinho". Esse tipo de coisa pode criar um ambiente de competição;
Y  Manter um bom relacionamento com as famílias.

Posição dos pais

Algumas crianças são mais egocêntricas, outras menos, da mesma forma como passam por essa fase com dificuldades diferentes. Em alguns casos, sem perceber, os pais acabam fazendo a manutenção do egocentrismo nos filhos. "A mamãe fala 'Vamos tomar banho e depois ir ao shopping'. A criança quer passear antes do banho. E muitas vezes consegue", exemplifica Luciana Mathias.
Quando satisfazem todos os desejos dos filhos, os pais acabam atrapalhando o trabalho das crianças de entender que existem regras e que precisam segui-las.

Alguém novo na família
A chegada de um irmãozinho pode gerar sofrimento para a criança que está trabalhando seu egocentrismo. Uma dica que pode amenizar a angústia é mostrar à criança como ela pode ser importante nesse momento, ajudando a mamãe e o papai a cuidar do bebê, por exemplo. 

FONTE: Guia Prático para professores de Educação Infantil


1 comentários:

Mariana disse...

poxa.. muito legal seu conteúdo, me ajudou bastante. Parabéns