Segue texto sobre sexualidade infantil, para você, que assim como eu encontrou dificuldades em lidar com seus "pequenos". Valer a pena ler!(Retirado do Educa já!)
Sexualidade infantil – 2 e 3 anos
Procurarei colocar para vocês alguns pontos importantes sobre sexualidade infantil, baseando-me em minha prática clínica no consultório e com grupos de mães, onde sempre aparecem dificuldades nesta área, seja através de pais aflitos com seus filhos ou mesmo de adultos que trazem algumas questões de ordem sexual que se originaram na infância e adolescência.
Já faz quase um século que Freud descreveu a sexualidade infantil, escandalizando a sociedade daquela época….
As crianças sofrem cada vez mais a influência da TV, de amigos, de parentes, de babás e empregadas, muitas vezes recebendo noções erradas e prejudiciais. Se nós, os pais, conseguirmos manter um canal aberto com nossos filhos, poderemos discutir e intervir no que não nos parecer correto.
Freqüentemente temos dúvidas sobre o que responder e até onde responder às perguntas de nossos filhos. Queremos que nossos filhos sejam mais bem preparados do que fomos, e que vivam sua sexualidade de forma mais consciente, mas não sabemos como fazê-lo…
A sexualidade é uma coisa natural nos seres humanos, é uma função como tantas outras. Freqüentemente estimulamos a evolução de nossos filhos em vários aspectos (comer sozinhos, andar, ler…), mas com a sexualidade somos cuidadosos e até mesmo preconceituosos….
Há até bem pouco tempo, dizia-se às crianças que elas teriam vindo trazidas pela cegonha, ou que haviam sido compradas no hospital, ou ainda que teriam brotado de uma flor, etc. Hoje, sabemos que não há necessidade de mentir às crianças, mesmo porque elas são muito mais espertas, recebem informações de várias fontes, e, portanto, estas “mentirinhas bobas” só servirão para nos desacreditar ante os nossos filhos. Não pode ser considerado feio falar de algo que é natural. O melhor a fazer é falar a verdade, introduzindo neste momento palavras científicas ( pênis, vagina) para que possamos mostrar a seriedade do assunto, evitando assim gozações, malícia, palavras de duplo sentido.
Inicialmente, as dúvidas das crianças dizem respeito às diferenças anatômicas entre os sexos e ao nascimento propriamente dito. Elas fazem suas próprias teorias sexuais, hipóteses acerca de como os bebês vão parar nas barrigas de suas mães. Aos poucos, estas teorias vão sendo questionadas e surgem então as dúvidas a respeito de como são produzidos, enfim, os bebês.
As respostas devem ser simples e claras, não havendo necessidade de responder além do que lhe for perguntado…
As outras vantagens de conversar com os filhos sobre sexo desde as primeiras dúvidas são: aumentar a intimidade e a afetividade entre si; abrir caminhos para que se possa conversar sobre tudo; informar corretamente, reduzindo as fantasias e a ansiedade delas decorrente; e, por fim, prevenir futura gravidez indesejável e contaminações por doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis e a AIDS, entre outras.
Muito importante será nossa atitude ao responder às perguntas: o tom de voz, a segurança nas informações,
É possível que vocês se perguntem: “Que palavras usar?”. Não é necessário ser especialista, mas acessível. À criança de menos de cinco anos, é preciso ser mais claro e preciso, já as maiores podem compreender uma informação mais elaborada. Não é preciso ser especialista para dar uma informação suficientemente boa. O fato é que estaremos no caminho certo se nossos filhos pensarem: “Vou perguntar a mamãe e papai que eles sempre me respondem”. Se por acaso não puderem responder no momento, esclareçam qual é a dúvida e digam que responderão assim que puderem. Não finjam que “esqueceram” de responder. Se sentirem vergonha, digam. Pais humanos permitem uma maior identificação e autoconfiança…
O aprendizado de palavrões é um fato comum entre as crianças a partir de quatro ou cinco anos. Em geral, repetem o que percebem ser proibido, embora não tenham a mínima idéia de seu significado. Em geral, esclarecer seu significado ajuda a criança a deixá-lo de lado e, mais uma vez, a aproxima de seus pais com quem poderão sempre contar para esclarecer suas dúvidas. Ensinar a criança que não é preciso imitar comportamentos inadequados desde pequena é extremamente importante, até para que futuramente ela não se sinta tentada, por coerção de grupos, a mostrar comportamentos que não sejam de sua livre e espontânea vontade, como fazer uso de cigarros, drogas e outros.
Os meios de comunicação, que nos bombardeiam com programas de baixa qualidade, músicas erotizantes e danças de igual quilate, são hoje um grande impasse na educação de nossos filhos. Como evitar que a criança seja vítima desta superexposição inadequada do sexo e que assim se sexualize precocemente? O mais importante, atualmente, é que os pais tenham claro o tipo de orientação que desejam para seus filhos, e que lhes ofereçam outras opções de entretenimento. Buscar programas interessantes que estejam de acordo com a sua faixa etária, comprar discos infantis e roupas que estejam de acordo com sua idade são medidas que, se não evitam de todo, uma vez que a criança vive entre outras, ajudam a formar uma educação sexual mais adequada, garantindo-lhes no mínimo maior proteção. É preciso ainda que os pais fiquem atentos às mensagens contraditórias: estimular excessivamente as crianças no sentido do amadurecimento precoce, “queimando etapas”, pode ser perigoso, pois elas podem perder o interesse por brincadeiras infantis, passando a imitar comportamentos adequados a “mocinhas e rapazinhos”, o que inclui invariavelmente seus aspectos sexuais.
Ao final desta exposição, talvez vocês percebam que poderiam ter feito melhor pela educação sexual de seus filhos, ou evitado algumas bobagens. Não devemos nos culpar por isto. Não nascemos sabendo e somos frutos da educação que tivemos. Assim como nossos pais, certamente fazemos o melhor que somos capazes, e será muito bom que possamos ter a oportunidade de repensar algumas situações e atitudes.
Fernanda Roche
Psicóloga clínica
CRP 05/17857
A descoberta da sexualidade – 4 e 5 anos
Atitudes embaraçosas, perguntas constrangedoras… Tudo isso faz parte do desenvolvimento saudável da criança desde que sem exageros. É importante tentar perceber quando a criança está demonstrando uma curiosidade de acordo com sua idade ou sua vontade de conhecer mais está extremamente exagerada podendo configurar um transtorno.
Uma regra que vale sempre, não só no assunto sexualidade, mas em todos os momentos em que são questionados, é sempre dar respostas verdadeiras e diretas. Se uma criança pergunta como ela nasceu o papai ou mamãe podem responder: “No hospital. Você saiu da barriga da mamãe.” Se esta resposta for suficiente para a curiosidade a criança vai parar por aí. Se não foi certamente virá outra em seguida e mais outra até que ela obtenha uma resposta que satisfaça sua dúvida. O que não deve acontecer é querer dar uma aula de anatomia, relacionamentos e reprodução quando a pergunta é bem mais simples…
É preciso compreender que essa descoberta é saudável e importante para o desenvolvimento da sexualidade adulta sem traumas.
Por volta dos 3 anos, geralmente livres das fraldas, começam a ter curiosidade pelos seus órgãos, tocá-los e percebem que dá prazer. Então começam a perceber as diferenças entre meninos e meninas. Muitas dessas situações vão ocorrer e o que mais os pais e educadores devem estar atentos é às situações compulsivas e recorrentes.
É preciso passar a elas que essa descoberta é normal, dá prazer, não é “feia”. Da mesma forma que você precisa de privacidade para ir ao banheiro, outras atitudes também precisam. Como agir em uma situação como essa? Tanto pais como educadores devem fazer com que ela saiba lidar com sua descoberta e perceba que há hora e lugar para a exploração.
Quando a criança insiste em um comportamento em casa ou na escola, proponha a ela uma outra atividade. Um jogo, uma brincadeira fazendo com que ela perceba que aquele momento é inapropriado para sua “pesquisa”.
Ao largar as fraldas muitas das crianças têm um choque ao visualizar o amiguinho no banheiro e perceber que ele ou ela tem algo a mais ou a menos. É a chamada síndrome da castração segundo Freud. A menina pensa que lhe falta um pedaço ou ainda vai crescer. Os meninos por sua vez ficam horrorizados pensando o mesmo e achando que se aconteceu com elas pode também acontecer com eles. Por isso é importante mostrar a elas as diferenças. Deve-se passar uma mensagem clara para que não haja um problema de identificação sexual.
Por volta dos 5 anos aparece a curiosidade em explorar o corpo dos amigos. Ela está descobrindo o seu próprio corpo e o dos outros. Mais uma vez é importante perceber qual a conotação para ela. Crianças não têm uma visão erótica dessas manifestações. Essa idéia está no pensamento já estereotipado do adulto.
Troca de papéis
Meninos encantados pelas brincadeiras e brinquedos “de menina” ou vice-versa? Não é motivo para desespero. Diferenças físicas, genéticas, hormonais, de interesse, de amadurecimento… Poderíamos enumerar milhares de diferenças entre meninos e meninas. Muito se discute qual a carga genética e qual a participação do meio ambiente no comportamento das crianças.
Em um primeiro momento não há porque se desesperar quando o menino ou menina opta por brincadeiras normalmente preferidas do sexo oposto. Uma conclusão à priori só vem reforçar um raciocínio preconceituoso que imagina erroneamente que irá afetar a sua sexualidade na idade adulta.
Hoje, estamos presenciando uma confusão de papéis: família e escola têm trocado sistematicamente responsabilidades ora de um ora de outro. Ambas instituições são primordiais na formação do indivíduo, mas lembremos que os valores familiares são essenciais na formação da criança e esses são passados em atitudes mais do que em discursos.Na formação da sexualidade não é diferente. A ligação afetiva da criança com seus pais começa no nascimento e evolui através da demonstração dessa afetividade com abraços, palavras doces, carinho, na hora do banho, da troca dentre inúmeros outros momentos de relacionamento muito próximo.
A criança que por um ou outro motivo foi privada desse contato pode ter dificuldade de se relacionar no futuro além de poder desenvolver problemas também na definição de sua própria sexualidade. Biologicamente falando, meninos identificam-se com os pais e meninas com as mães. Na ausência constante de um deles é necessário que haja uma pessoa próxima e íntima que assuma esse papel de modelo de tipificação.
Até o final da fase pré escolar não se pode ainda afirmar que a criança tem sua opção sexual definida. O fato de mostrar um interesse maior por algo tipicamente do outro sexo pode, na verdade significar que ela simplesmente, pela falta de um modelo freqüente de seu mesmo sexo, não sabe o que um menino ou menina de 4 anos faz? Que tipo de brincadeiras gosta? Como se comporta? Não que com isso queira traçar um padrão já que sabemos que ele não existe. A maior parte desses comportamentos acontece porque a criança não convive com o modelo do mesmo gênero. Essa identificação acontece quando a criança percebe-se pertencente a um sexo e não outro. O que ocorre normalmente no início da socialização e é reforçado primeiramente pelos pais e posteriormente escola e amigos..
Karen Kaufmann Sacchetto
SEXUALIDADE INFANTIL
…A sexualidade infantil é diferente da sexualidade adulta, não contém os mesmos componentes e interesses. Muitas vezes através da dramatização, a criança compreende, elabora, vivencia a realidade que vive. Compreende papéis (mãe, pai, filho, homem, mulher, etc.), embora muitas vezes já se perceba menino ou menina e já conheça seus orgãos genitais, experimenta na brincadeira sexos indiferentemente.
Perdeu-se hoje, de uma forma geral, a noção do que é pertinente a criança. Vejo com frequência adultos se dirigirem a criança como se estivessem se dirigindo a adultos em miniatura. Não sabem como se aproximar delas, sobre o que falar e de que maneira.
Ao ouvirem uma criança se referir a outra como sendo seu namorado entendem isto dentro do parâmetro de adulto, às vezes desesperando-se, às vezes estimulando, poucos lidam com este dado na dimensão do contexto e por quem ele é apresentado.
Acompanho no consultório crianças que, super estimuladas, encontram na erotização a única forma de se relacionar. O afeto é erotizado e os movimentos, a vestimenta e a maneira como se comportam, tem o sentido de provocar uma relação erotizante. Apresentam, portanto, distorção em sua capacidade de sentir, pensar, integrar, conhecer e de relacionar, pois são estimuladas a dar um salto para a sexualidade genital, que não têm condições emocionais, biológicas e maturidade de realizar, dispertando, muitas vezes, alto nível de ansiedade e depressão.
Psicóloga Nina Eiras Dias de Oliveira
Quando a sexualidade engatinha Fonte: Revista da Folha – Jornal Folha de São Paulo – Domingo, 07/09/2003)
Lulie Macedo…
Mas o que fazer, por exemplo, diante de duas crianças de três anos nuas, brincando com seus órgãos sexuais?
“Claro que é um momento muito difícil para os pais, mas vejo dois caminhos:
sair de perto e, se for o caso, comentar o assunto com naturalidade depois, e
aproximar-se e interromper educadamente a cena, convidando a criança para fazer alguma outra atividade”, recomenda Marcos Ribeiro. “Pode-se dizer, por exemplo, ‘Vamos parar com a brincadeira porque agora o papai (ou a mamãe) precisa da sua ajuda para uma tarefa’. Mas sem tom de bronca”, ensina o sexólogo.
Traumatizar a criança com reações extremadas é pior, dizem os especialistas, porque ela dificilmente vai abandonar o que lhe dá prazer, só o fará escondido. “O problema não está na exploração sexual do próprio corpo ou nas brincadeiras entre crianças da mesma idade. Prejudicial é a repressão do adulto a essas atitudes, quando ele grita, proíbe, bate ou põe de castigo. Fazendo isso ele transmite a noção de que aquilo é errado, quando na verdade essas atitudes são tão naturais quanto aprender a andar, falar, brincar”, afirma Maria Cecília Pereira da Silva, psicanalista e membro da ONG Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual.
Além disso, jogos sexuais entre crianças da mesma idade não costumam oferecer risco à integridade física de seus envolvidos (antes da puberdade, meninos nem têm ereção suficiente para penetração). “A ameaça de ato sexual está apenas na mente adulta, já que para as crianças menores a brincadeira tem a ver com a sensação que o toque proporciona”, diz Marcos Ribeiro.
A dificuldade é conciliar a reação ideal almejada pelos especialistas com os valores morais de cada família. “Eles ficam assustados, perguntam o que pode vir depois, se a criança já faz aquilo naquela idade”, conta Sueli Gonçalves Gomes, orientadora da educação infantil do colégio Santa Maria, no Jardim Marajoara, zona sul.
Não virá nada, respondem os especialistas. Por volta dos sete anos, as crianças entram na etapa chamada latência quando a sexualidade perde parte da importância. Com a chegada da fase escolar propriamente dita, a criança começa a se interessar por atividades que antes não estava preparada para desempenhar.
Para quem acha que o discurso é bonito, mas não resolve na hora do susto, a Revista elencou as situações mais comuns e ouviu especialistas sobre a melhor reação diante de cada uma. Confira a seguir.
Masturbação
Na escola infantil, Antônio, 2, roça o pênis no colchão até dormir. Na classe ao lado, a professora percebe que Bernardo, 5, está se masturbando enquanto ela conta histórias.
Quem trabalha com crianças tem sempre muitos casos como esses para contar. Descobrir o próprio corpo faz parte da tarefa de tentar entender o mundo, e o prazer em manipular os órgãos sexuais é uma das primeiras descobertas.
Em situações que confortam e dão prazer – como a hora da alimentação ou da troca de fraldas – é comum ver bebês de ambos os sexos com ereção; as meninas têm inclusive lubrificação vaginal, explica a sexóloga e hoje prefeita Marta Suplicy no livro “Papai, Mamãe e Eu” (editora FTD, 88 págs., R$ 35,80), lançado em 1999 e até hoje um dos mais indicados pelos especialistas da área. Isso acontece porque olhos, pele, boca, paladar, olfato e órgãos genitais integram um complexo nervoso que tem conexões com o centro sexual do cérebro.
O prazer “inconsciente” do bebê do berçário e a masturbação do garoto mais velho são etapas diferentes do mesmo processo de desenvolvimento. “Pais e professores devem encarar com naturalidade, sem repreender ou transmitir noções de sujeira ou coisa errada. Se acontecer em público, os adultos devem explicar que aquele é um ato íntimo, e portanto deve ser feito em lugar reservado”, afirma o psicólogo Paulo Rennes, da Unesp.
Mas nem por isso os pais devem ficar menos atentos ao comportamento. “Se for compulsiva ou obsessiva, a masturbação pode indicar alguma frustração ou situação emocional difícil e é preciso procurar ajuda especializada”, alerta a psicóloga Maria Cecília Pereira da Silva, do GTPOS.
Além disso, nem toda manipulação dos genitais é sinônimo de masturbação. “Pode se tratar de algum incômodo físico, como alergias, assaduras e até picadas de inseto”, diz Ângela Maria Espínola de Castro, pediatra endocrinologista da Unifesp.
Marcos Ribeiro, consultor do Ministério da Saúde, recomenda cuidado maior no caso das meninas. “É preciso conversar e informar, porque elas podem introduzir objetos na vagina e se machucar.”
Jogos sexuais
Júnior, 5, diz para Léo, 4, que um chupar o “pipi” do outro é normal, porque os bebês fazem o mesmo com o peito da mãe. O menor conta para o pai, que, desesperado, procura a professora da escola.
Em situações como essa, os adultos tendem a reagir mal, reprimindo, gritando e até batendo na criança, diz Paulo Rennes. Nada mais equivocado. Logo depois de explorar o próprio corpo, a atenção infantil se volta para o corpo alheio: é a fase em que começam a perceber as diferenças entre meninos e meninas, adultos e crianças. Não faça alarde, nem projete coisas do seu mundo no mundinho deles, recomendam os profissionais.
“Os pais devem tentar agir com naturalidade, explicando que a criança não deve fazer nada que não queira com o próprio corpo – nem com o corpo do outro. É bom aproveitar para dizer que, se ela se sentir desconfortável com alguma brincadeira, deve procurar um adulto de confiança e contar”, afirma Maria Cecília. Mas é bom apurar toda a história para conferir se é realmente verdade: “Criança fantasia bastante”, ressalva.
O problema pode se tornar mais sério quando ocorre entre crianças de idades muito diferentes – quatro, cinco anos a mais -, porque pode envolver coerção e configurar abuso sexual. Os pais devem dizer que não é errado a criança brincar com amiguinhos da mesma idade, mas nunca com os mais velhos ou adultos.
Também não vale estigmatizar a criança mais velha, transformando-a num quase tarado: nem sempre mais idade significa maturidade maior. Além disso, ela pode estar enfrentando problemas no próprio desenvolvimento sexual e precisar de ajuda profissional.
Brincar de beijo na boca
Cássio, 4, corre atrás de Daniela, 5, e a beija na boca. Depois, chama a menina de “Helena”, personagem da novela da Globo.
Em pleno processo de aprendizagem, a criança repete tudo o que vê. “O que esperar de crianças expostas freqüentemente a cenas de beijos e carícias na TV”, pergunta Paulo Rennes. “O estímulo à precocidade e a comportamentos sexuais vem desse cotidiano.” Marcos Ribeiro afirma que não há necessidade de reprimir a brincadeira, desde que se observe a regra da mesma faixa etária. Também é importante ficar atento para ver se a criança não está sendo forçada a alguma coisa.
De volta ao peito
Desmamada desde os nove meses, Luíza, 3, passa a reclamar o seio da mãe com insistência, em casa ou lugares públicos. Ela cede uma vez, mas se incomoda com a freqüência. Quando recusa, a menina chora.
Geralmente, é necessidade de um contato afetivo mais estreito com a mãe, uma forma de voltar a um período gratificante da vida, dizem os terapeutas, e ocorre principalmente quando nasce um irmãozinho, e a criança maior se sente em segundo plano.
“Se a mãe estiver amamentando o menor, pode deixar o maior experimentar, para que ele prove que o gosto não é lá essas coisas. Mas os pais devem reforçar que ela já é grandinha e tem dentes para se alimentar, ao contrário do irmãozinho”, aconselha Maria Cecília. Se não estiver amamentando ou não se sentir confortável em dar o seio, deve explicar que não tem mais leite e que o peito é uma parte íntima de seu corpo. “É uma boa hora para reforçar que não se deve deixar que mexam no corpo da gente quando não queremos”, lembra.
Marcos Ribeiro levanta outro ponto. “É importante que os pais atentem para o motivo. Em alguns casos, vítimas de algum tipo de abuso sexual tentam ‘voltar’ a fases anteriores, em que se sentiam protegidas”, diz.
Exibir os genitais
Basta chegar uma visita e Vítor, 4, vai para o quarto, tira a roupa e faz uma “entrada triunfal” na sala, totalmente nu.
O “exibicionismo” infantil faz parte da fase de exploração dos corpos. Como um brinquedo novo, a criança quer mostrar aos outros o que já descobriu. Quanto à menina que adora levantar a roupa e mostrar o bumbum, por exemplo, pode estar imitando algo que viu na TV. Em qualquer situação, cabe aos adultos começar a ensinar a noção de intimidade.
“Ela não sabe o que é certo ou errado, quais são os códigos sociais, a diferença entre o público e o privado. Cabe aos pais e educadores ensinar que ali não é lugar para isso”, afirma Maria Cecília.
É também a hora de falar sobre respeito. “Alguns pais acham que tudo que seu filho faz é uma gracinha, mas se esquecem de que aquela gracinha vai crescer e viver em sociedade. Pais e professores devem mostrar que vivemos com outras pessoas, temos de respeitá-las e parte desse respeito é não ficar mostrando seu órgão sexual para quem não quer ver”, recomenda Marcos Ribeiro.
Ver o ato sexual
A porta do quarto estava só encostada, e Maria, 3, viu os pais transando. No dia seguinte, contou à professora que, quando o casal está no quarto, seu pai fica tentando matar a mamãe. Tiago, 5, assiste a um filme pornô na TV a cabo e depois quer fazer sexo oral com a prima da mesma idade.
Se a criança viu o ato sexual, mesmo que ela não pergunte, é fundamental falar sobre o assunto, para que ela não comece a fantasiar. E não se esqueça: se isso aconteceu, foi por descuido dos adultos.
“Geralmente os pais reagem mal, põem a culpa no filho por ter visto ‘algo que não devia’”, conta Paulo Rennes.
No primeiro caso, Marcos Ribeiro sugere deixar a conversa para o dia seguinte. “Pai e mãe podem começar, informalmente, perguntando: ‘Acho que você viu a gente fazendo amor, tendo uma relação sexual. Você sabe o que é isso?’ Fique atento à reação. Se ela disser que sim, descubra o que realmente sabe e complemente, se necessário. Se não, fale brevemente sobre namoro e relação sexual, explique que foi num momento como aquele que ela foi feita. Utilizar um livro infantil é uma boa saída, mas não fale demais nem explique além do que ela quer saber.”
No caso do filme pornô, é preciso perguntar o que ela viu e mostrar que a realidade das pessoas não é aquela. “Explique que os filmes são feitos para despertar vontade nas pessoas, mas que sexo não é só aquilo, tem carinho e afeição. É importante que a criança cresça fazendo essa associação”, diz Marcos Ribeiro.
2; O caminho da sexualidade infantil
O primeiro a tratar do assunto foi Sigmund Freud, no início do século 20. Para o pai da psicanálise, a sexualidade infantil passa por quatro fases: oral, anal, fálica e de latência. Até hoje esses conceitos formam a base do pensamento sobre a sexualidade na infância, mas foram incrementados por outras linhas de pensamento. As faixas etárias de cada fase não são absolutas, mas aproximadas
a) 0 a 2 anos – Oral
Nos primeiros meses, o prazer da criança se concentra na região da boca, sua atenção está voltada para o que entra e sai de seu corpo via oral: ela suga o seio da mãe, chupa mamadeira, come papinha, regurgita (mas já é capaz de ter sensações agradáveis nos órgãos genitais). A boca é sua forma de comunicação com o meio externo
NO CORPO – Até cerca de um ano, o bebê produz os mesmos hormônios da puberdade, em menor quantidade: meninas fabricam estrogênio, meninos, testosterona, e ambos produzem hormônios hipofisários, responsáveis pela estimulação de ovários e testículos. A partir de um ano, essa produção fica em “repouso” para retornar de forma intensa na adolescência
b) 2 a 3 anos – Anal
Quando começa a deixar as fraldas, a atenção da criança se volta para suas necessidades fisiológicas: ela começa a perceber que pode controlar o esfíncter (músculo envolvido na evacuação), cujos movimentos também proporcionam sensação de prazer. Ficam orgulhosas do que seu corpo produz, algumas nem querem dar a descarga. Pais e professores também colaboram para o aumento de atenção nessa etapa, perguntando o tempo todo se a criança quer fazer cocô ou xixi
NO CORPO – O crescimento físico desacelera em relação à fase anterior, fica mais lento, porém constante, e volta a se intensificar na puberdade
c) 4 a 6 anos – Fálica
Começam a descobrir/explorar seus órgãos sexuais e a perceber as diferenças anatômicas entre meninos e meninas. A curiosidade estimula a masturbação e as brincadeiras sexuais com outras crianças. O orgasmo é possível, embora os meninos não ejaculem. Nessa fase a criança já tem total consciência de sua identidade sexual (noção sobre seu sexo, diferente de orientação sexual, que pode ser homo, bi ou hétero). É também a fase das perguntas sobre sexo e a origem dos bebês
NO CORPO – Aos seis anos, intensifica-se a produção de um hormônio da glândula supra-renal, que pode provocar leve odor no corpo e nascimento moderado de pêlos superficiais
d) A partir dos 7 – LatênciaÉpoca que antecede a puberdade e a criança está se preparando psiquicamente para as intensas mudanças que virão. Nessa fase, que coincide com o início da vida escolar, a sexualidade fica em segundo plano, em detrimento de novas descobertas, especialmente no terreno intelectual. A curiosidade sexual não desaparece, mas fica latente
NO CORPO – Atualmente, a precocidade pode fazer com que a latência se misture à puberdade (principalmente nas meninas), inaugurada pela maior produção hormonal e alterações físicas, como nascimento de pêlos, desenvolvimento dos seios, polução noturna (as primeiras ejaculações)
Sexualidade infantil: Como esclarecer a curiosidade da criança sobre a sexualidade
Hoje em dia a sexualidade tem estado cada vez mais presente na televisão. Seja nas cenas de beijos intermináveis das novelas, na campanha para o uso da camisinha ou na polêmica sobre a clonagem humana.
Desta forma, rodeada de tanta informação surge a curiosidade da criança em relação à sexualidade. Alguns pais disfarçam e mudam de assunto, tudo para não responder às dúvidas. Outros pais estimulam achando engraçadinho ver crianças de 2, 3 anos se beijarem na boca, e fazem questão de perguntar: – Quem você namora na escola? Para Cristina Adadd de Figueiredo, psicóloga, a criança não deve ser estimulada para pensar em namoro. “Acho errado as creches que fazem até uma festa de dia dos namorados. As crianças tem que pensar em brincar, o namoro é exclusivo dos adultos. “
Cristina, diz que os pais devem esclarecer de maneira clara e simples a curiosidade sexual da criança na medida em que ela vai se dando. “Os pais muitas vezes, por ansiedade, disparam a falar além da necessidade. Por exemplo, quando uma criança pergunta de onde ela veio não quer dizer que ela queira saber detalhes do ato sexual em si. Uma reposta objetiva sobre o encontro do espermatozóide com o óvulo satisfaz sua curiosidade”, diz ela.
É importante também que os pais não se refiram aos órgãos genitais utilizando apelidos ou expressões como “coisa” ou “lá embaixo” para substituir os termos corretos (pênis, vagina, útero, esperma). Isto pode acentuar a idéia de “proibição” relativa à sexualidade, o que é prejudicial ao desenvolvimento psicológico da criança.
Alguns livros que ajudam a responder as perguntas das crianças:
Papai, Mamãe e Eu
Marta Suplicy – Editora FTD. É um livro que fala do nascimento do bebê, masturbação com desenhos divertidos e informativos.
De onde vem os bebês
Andrew C. Andry e Steven Schepp – Editora José Olimpio. Sucesso em vários países, exatamente pelo seu valor educacional, interessa não apenas aos pais, educadores e a todos os que se sintam comprometido com esse grande pequeno mundo.
De onde viemos?
Arthur Robins, Peter Mayle, Paul Walter – Editora Nobel. Este livro é indicado para o público infantil, que está começando a ter dúvidas sobre sexo. São ilustrações e textos curtos, simples e diretos que explicam os fatos da vida, sem absurdos e sem folclore.
Ainda a sexualidade no universo infantil [rosely sayão]
Folha de São Paulo, Equilíbrio, quinta-feira, 28 de abril de 2005
E na escola? Como devem reagir os professores? Eles devem, antes de tudo, entender a diferença entre sexualidade e sexo. Devem também abandonar preconceitos e estereótipos, muitos dos quais ancorados em conceitos da psicologia descontextualizados e usados de modo leigo, sem profissionalismo. Educador entende de educação, e é isso que deve praticar, com responsabilidade ética.
E, desde pequena, a criança deve aprender que há diferença entre intimidade e convívio social. Deve aprender também a se respeitar, a se fazer respeitar e a respeitar o outro. Para isso, ela precisa da intervenção dos educadores. Basta conter o comportamento, sem qualificá-lo. Os professores podem fazer isso com naturalidade, como devem fazer com qualquer comportamento que não se adapte ao espaço escolar. O recurso de dizer ao aluno que o “amiguinho” não gosta do que ele fez não serve, é totalmente equivocado.
Além disso, na escola a criança deve ter a oportunidade de expressar suas questões, inquietações e elaborações sobre o tema. O que a criança pensa sobre as questões que coloca? Quais podem ser os sentidos de suas atitudes? O norte dos professores devem ser interrogações, e não respostas.
ROSELY SAYÃO
A sexualidade no universo infantil
Folha de São Paulo, Equilíbrio, quinta-feira, 14 de abril de 2005, rosely sayão
A sexualidade é, sempre foi e sempre será uma questão que incomoda a todos, principalmente os adultos. Seja em tempos de maior repressão ou em tempos de moral social mais liberal, o assunto provoca reações que variam desde a expressão de preconceitos ligados ao tema até discussões que, aparentemente, não têm nenhuma ligação com esse ponto. Em outras palavras: o assunto inquieta, angustia.
Já comentei, diversas vezes e por diferentes caminhos, o quanto o mundo contemporâneo tem arrancado as crianças da infância e as jogado no universo adulto. Hoje, tratarei dessa mesma questão ligada, agora, à sexualidade. Para isso, vou usar um fato que tem ocorrido cada vez mais freqüentemente nas escolas de educação infantil. O enredo da história é sempre o mesmo; variam apenas os personagens, os detalhes e o desenlace. As crianças protagonistas da história podem ser dois meninos, duas meninas ou um menino e uma menina. Os casos que envolvem duas meninas são os menos freqüentes e talvez não porque ocorram menos, e sim porque os adultos “vêem” menos quando acontecem. Mas o que acontece, afinal? Trata-se de uma situação bem simples e corriqueira na vida das crianças dessa idade: elas investigam, consigo mesmas ou umas com as outras, a diferença sexual e buscam realizar o potencial de prazer que estão descobrindo que têm. Em geral, meninas e meninos querem ver e/ou tocar os genitais dos colegas e mostrar os próprios, além, é claro, de conversar sobre o assunto. Algumas atitudes que arremedam a expressão da sexualidade adulta já ocorrem entre eles, e isso se deve, principalmente, ao fato de estarem superexpostos à sexualidade do modo adulto. E por que a escola é o palco privilegiado desses acontecimentos? Por conta de um motivo banal: é lá que a criançada se encontra. Acontece menos em casa apenas porque, no modo de vida atual, os filhos convivem muito mais com adultos do que com seus pares.
Antes de continuar, é preciso lembrar que essas manifestações da sexualidade das crianças são legítimas e absolutamente naturais, o que não leva, entretanto, à abstenção da intervenção do adulto. Elas precisam ser educadas e contidas, sem extensas explicações nem moralismos, sempre que expressam atitudes que são próprias da intimidade, e não do convívio social. Além disso, elas ainda não sabem respeitar os colegas nem a si mesmas, por isso precisam que os adultos cuidem disso por elas. Por conta de tantos estímulos sexuais no entorno infantil, esse tipo de contenção tem sido mais custoso aos adultos, mas essa é outra questão.
Ocorre que essas vivências são tão fortes para as crianças que elas, uma hora ou outra, compartilham com os pais o ocorrido. Cabe também lembrar que o que elas vivenciam se baseia não apenas na realidade dos fatos mas também, e principalmente, no mundo imaginado típico dessa idade e nem sempre diferenciado do mundo real. Agora, a questão de nossa conversa. Como tem sido a reação de muitos pais? Simplesmente enlouquecida.
Os adultos enxergam na criança a sexualidade adulta. O resultado? Crianças com menos de seis são acusadas de praticar abuso sexual, assédio sexual e até mesmo tentativa de estupro. Muitos pais, inclusive, optam por arrancar seu filho da escola caso os pais da “criança agressora” não sejam convidados a “transferir” o filho. Mesmo parecendo absurda essa reação dos pais, fica mais fácil entendê-la no contexto atual das relações entre adultos e crianças. Conforme apontou reportagem da Folha na última semana, crianças entre quatro e dez anos de idade são inscritas em concursos de beleza. A encrenca está aí: o adulto tem tido imensa dificuldade em diferenciar o mundo adulto do mundo infantil. É nos adultos, portanto, que está a distorção. Nossa questão é se vamos continuar jogando sobre eles problemas que são só nossos. Voltaremos ao assunto brevemente, já que cabe conversar a respeito do que pais e escolas podem e devem fazer diante dessas situações.
ROSELY SAYÃO
A sexualidade infantil
Marina S. Rodrigues Almeida, Psicóloga, Psicopedagoga, Pedagoga
… Em relação aos comportamentos sexuais observados em sala de aula como beijos, exploração do corpo do colega,jogos sexuais, o educador pode pautar-se sobre os mesmos princípios que usa para outros comportamentos inadequados em aula, ou seja, demonstrar que entende a curiosidade mas que a escola é um lugar onde deve-se respeitar a vontade dos outros e que estão lá para aprender, brincar, etc.
O educador não deve se omitir, ao contrário, deve orientar para brincadeiras e comportamentos adequados mas sem passar valores morais reprovadores como se a curiosidade fosse algo negativo, feio ou pecaminoso.
Alguns profissionais, na tentativa de serem “modernos” estimulam uma sexualidade precoce incentivando danças de músicas atuais erotizadas, namoros entre os alunos, identificação com modelos da mídia, etc. …
A sexualidade infantil é inerente a qualquer criança e sua demonstração será particular a cada uma, sendo que aos educadores cabe conhece-la, respeitá-la, conduzi-la de forma adequada, sem estimulação nem repressão e tendo sempre em mente uma auto-reflexão de sua própria sexualidade.
A questão de convocar os pais para conversar sobre a sexualidade do aluno, deverá ser investigada caso a caso: qual o propósito desta convocação? O que vou contribuir? O que espero dos pais? Por que isto me incomoda? Há sincera preocupação ou pré-conceito disfarçado? Por que acredito que ser heterossexual é o correto, aceitável? Etc.. Na dúvida procurar algum profissional da escola para discutirem o assunto, antes de convocar os pais
Referências
http://guiadobebe.uol.com.br/bb2a3/sexualidade_infantil.htm
http://www.existencialismo.org.br/jornalexistencial/sexualidade.htm
http://www.cefetsp.br/edu/eso/filosofia/sexualidadeinfantil1.html
http://www.bebe2000.com.br/materia.asp?materia=757
http://www.gtpos.org.br/index.asp?Fuseaction=Informacoes&ParentId=343#anc250405
sábado, 27 de agosto de 2011
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
CAIXA-SURPRESA
Segue um modelo de uma caixa-surpresa que eu confeccionei e em seguida um texto que sugere várias formas de se trabalhar com ela. Muito rico. Espero que gostem!
ATRAVÉS DO LÚDICO, A CRIANÇA REALIZA UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
Nas classes de educação infantil, quanto maiores forem as oportunidades de trabalhos, de descobertas, manipulações, construções que o professor oferecer às crianças, maiores serão as suas chances de um desenvolvimento harmonioso e compatível com suas possibilidades.
Especialmente aquelas atividades que envolvem o lúdico são desencadeadoras de uma aprendizagem prazerosa e significativa.
A partir da idéia de que o trabalho docente deve ter como objetivo o favorecimento de práticas interdisciplinares, dentro de uma proposta construtivista e sócio-interacionista, o professor deve buscar um modo criativo e direto de atuar, oferecendo às crianças inúmeros jogos, brincadeiras, atividades diversas de culinária, de laboratório e de construções variadas em sala de aula, o que pode vir a melhorar, com certeza, a qualidade do ensino e da aprendizagem.
A atividade que ora apresentamos pretende ser uma sugestão, criada e realizada pelo grupo Interdisciplinaridade Lúdica e que pode proporcionar o desenvolvimento e enriquecimento de qualquer tema ou assunto a ser abordado em sala de aula. Pode ser também, em todas as áreas de conhecimento e provocar o envolvimento do grupo familiar no aprendizado da criança.
Essa atividade tem como objetivos:
• Favorecer a aquisição de habilidades que permitam à criança analisar de forma crítica o mundo que a cerca, enfrentando novos problemas e convivendo com os outros de forma cooperativa, como cidadã afetiva e curiosa;
• Atender necessidades psicossociais, propiciando condições de ampliação de suas experiências, partindo sempre das suas próprias vivências e condições concretas do dia-a-dia;
• Socializar, oportunizando a participação e a espontaneidade, proporcionando seu pleno desenvolvimento e considerando a expressão oral e escrita de cada um, o respeito do grupo como um todo, incluindo os seus familiares;
• Desenvolver e explorar, de forma interdisciplinar, todas as áreas do conhecimento numa mesma atividade, diariamente;
• Favorecer o intercâmbio de idéias, informações, hipóteses, deduções, verbalização, regras e conceitos, como ordem temporal, forma geométrica, peso, cor, tamanho, uso e função, som, odor, classificação, seriação, pertinência, número, sílaba, origem da matéria, sequência, letras, entre outros;
• Ampliar o vocabulário, desenvolver a linguagem, sob o foco descritivo e narrativo;
• Incentivar a curiosidade, o entusiasmo, a imaginação, a representação (gráfica, mímica, pictórica, sonora, dramática).
Para realizar a atividade, é preciso que o professor fabrique a caixa-surpresa, juntamente com as crianças. Ela é uma caixa de papelão, de tamanho regular, onde possam caber objetos de vários tamanhos, devidamente encapada e decorada conforme o desejo das crianças.
A cada dia, uma criança leva a caixa para casa e a traz no dia seguinte, mas que atenda ao estabelecido pelo grupo de alunos. Pode ser, por exemplo, um objeto cujo nome inicie com a letra trabalhada na semana ou a letra do seu nome ou um objeto relacionado ao assunto trabalhado ou de livre escolha da criança. A brincadeira consiste em o grupo adivinhar o que está dentro da caixa.
Para envolver a família e num incentivo à responsabilidade e à criatividade do aluno, o professor coloca dentro da caixa algumas instruções que devem ser atendidas, o objetivo a que se destina, o observações que forem necessárias. (Ver o quadro Instruções.)
INSTRUÇÕES
1. A criança deve escolher qualquer objeto (brinquedo, vestuário, utensílio doméstico etc.) e colocá-lo dentro da caixa. Apenas um objeto.
2. Na classe, ela terá de dar dicas para que os colegas descubram o que há dentro da caixa. Por isso, é aconselhável que os familiares conversem bastante com ela, explorando o material.
3. No cartão que há no interior da caixa, a família deve escrever o nome do objeto, em letra de forma ou de imprensa.
OBJETIVO:
Oportunizar o desenvolvimento da linguagem verbal e o uso da escrita.
OBSERVAÇÕES:
1. O objeto será devolvido no mesmo dia.
2. É indispensável o cuidado com a caixa.
No desenvolvimento do trabalho, deve haver um rodízio permanente entre as crianças, de acordo com critérios estabelecidos pelo grupo, a fim de proporcionar vez a todos.
A atividade pode ser enriquecida e adaptada conforme as necessidades e as possibilidades dos alunos.
Por exemplo:
Para os alunos maiores (a partir dos quatro anos mais ou menos), após os objetos ser mostrado, pede-se que seja desenhado na lousa e que o nome do objeto seja escrito. Porém, enquanto o aluno ainda não domina a escrita, é importante que traga de casa um cartão com o nome do objeto, escrito em letra de forma, dentro da caixa. Assim as crianças, após a descoberta, podem copiar do cartão o nome do objeto.
Posteriormente, o uso desse cartão vai sendo dispensado, quando os alunos, por tentativa e erro, começam a levantar hipótese para essa escrita. Então, após a descoberta do objeto, a criança que trouxe o desenha na lousa e, com o auxílio dos colegas e do professor, vai escrevendo as formas possíveis do nome do objeto.
Nessa escrita espontânea podem ocorrer erros ortográficos, como nos sons parecidos e correlatos (s/c, j/g, s/z, c/k, x/ch...), que com interferência do professor, de forma sugestiva, vão sendo esclarecidos até que a escrita formal tenha se apresentado na sua correta forma gráfica. Não se trata de corrigir a escrita espontânea que, em muitos momentos diários, em várias outra atividades, é estimulada, mas, sim, de apresentar a possibilidade de se refletir e reconhecer até a necessidade de se recorrer ao dicionário ou a outras pessoas, para que tenhamos preservada a exatidão do que queremos aprender, enquanto grupo, da nossa língua pátria.
Se o objeto não conseguir ser descoberto depois de todas as tentativas e dicas possíveis, pede-se que a criança ou o professor escreva seu nome na lousa e que os colegas, a partir da tentativa de leitura, o descubram.
Várias atividades e situações podem ser desenvolvidas com a palavra escrita na lousa:
_ contagem do número de letras da palavra;
_ reprodução da forma de cada letra com as mãos (mímicas), chegando assim à palavra completa;
_ separação e contagem do número de sílabas (quantas vezes eu abro a minha boca para falar a palavra) e, simultaneamente, marcar a cadência com palmas, pulos, batidas na mesa ou nas pernas etc.;
_ discriminação, com a criança, do valor sonoro individual de cada fonema, o que irá ajudar o aluno na formação de novas hipóteses e, consequentemente novas palavras. As letras dentro de nossa proposta são muito trabalhadas enquanto som e não apenas pelo seu nome formal que, paralelamente, é apresentado;
_ levantar nomes de alunos que comecem com a mesma letra, ou que tenham algumas delas em seu próprio nome;
_ imitar o objeto, dramatizar com ele, onde vive, quem o tem;
_ descobrir palavras que combinem com o seu som final (versos, rimas, música).
A caixa-surpresa é, por excelência, uma atividade interdisciplinar; sua exploração chega a ser ilimitada e nunca se torna monótona. Para exemplificar, apresentamos uma situação ocorrida em sala de aula de pré-escolar, em 1997.
Um dos temas trabalhados em abril foi o Índio Brasileiro, resgatado pelas próprias crianças com pesquisas, coletas de informações, etc. Dentro do tema surgiu a letra U, decorrente do UAÍ (tambor indígena). Na semana dessa letra só valia trazer na caixa-surpresa objeto cujo nome começasse com o U. Num determinado dia, o aluno que trouxe a caixa, sentou-se à frente dos colegas, sacudiu-a e passou a caixa para que todos pudessem sacudi-la também, sabendo-se de antemão que não valia abrir a caixa e que só se podia dizer o que achava que fosse o objeto, depois de várias dicas e com quase total certeza, em coerência a elas. O aluno começou a responder as perguntas que eram formuladas:
_ De que cor é?
_ É grande ou pequeno?
_ Quebra?
_ Qual sua forma?
_ É leve ou pesado?
_ De que material é feito?
_ Tem cheiro?
_ Tem em casa? E na escola tem? E na cidade? E no Brasil?
_ Onde se guarda? Onde fica na casa?
_ Onde é usado? Tem música com esta palavra? Qual?
_ Todo mundo tem?
_ Quem usa? Criança ou adulto? Homem ou mulher?
_ É liso ou áspero?
_ É de comer?
_ É frio ou quente?
_ É duro o mole?
_ Para que serve?
Baseados nas respostas às perguntas formuladas, os colegas puderam descobrir que o objeto era um urso polar macho (últimas dicas: não é do Brasil, porque ele mora lá no Pólo Norte e é menino) e sabia-se que não valia repetir algo que já tivesse sido trazido anteriormente.
Verificamos o resgate final da escrita da palavra urso com a colaboração dos colegas. (Em negrito, fizemos a sinalização da palavra para melhor identificação.)
A partir desse exemplo citado, podemos perceber que uma aparente atividade simples como essa e que, geralmente devido ao grande interesse e motivação do grupo, acaba se estendendo por um período maior do que o previsto atinge de maneira interdisciplinar a todas as áreas de conhecimentos. Didaticamente, poderíamos listar as áreas de conhecimentos e algumas de suas possíveis sub-áreas de abrangência, conforme quadro abaixo.
Em nossas experiências com essa atividade, em vários anos seguidos, temos podido nos divertir com objetos os mais inusitados e interessantes. Por exemplo, só vale partes do corpo ou que se usa no corpo aparecem: dentadura, aparelho ortodôntico, lente de contato, óculos, unhas postiça, cueca, aparelho auditivo...
Em só vale com a letra... (escolhe-se a letra) já encontramos espátula, escumadeira, pegador de gelo, mamadeira, isopor, pinça de sobrancelhas, dedal, quebra-nozes, imã, esponja, fraldas descartáveis, engrenagens, minhocas... Entre outros.
É desse modo que estamos estimulando o crescimento da informação e da cultura geral de todos os envolvidos. Faça esta experiência, vale a pena!
ÁREAS DE CONHECIMENTO
Sub-áreas de abrangência
Conhecimento em linguagem:
• Desenvolvimento verbal, gráfico e pictórico;
• Mímica, imitação, dramatização;
• Reconhecimento das formas de letras (escrita individual do aluno);
• Enriquecimento de vocabulário;
• Levantamento de hipóteses e verbalização;
• Ortografia;
• Som, oralidade (valor sonoro de cada letra e valor sonoro de suas combinações);
• Dedução e lógica;
• Musicalidade, rima, ritmo;
• Coordenação viso-motor;
• Coordenação fina e ampla;
Conhecimento em Lógico-Matemático:
• Memória • Quantidade – valor maior/menor;
• Noções de número;
• Cor;
• Textura;
• Peso
• Forma geométrica;
• Volume;
• Tamanho, comprimento;
• Posição;
• Diferença e igualdade;
• Conjunto;
• Pertinência;
• Custo: caro/barato
Conhecimento Social:
• Desinibição, extroversão, alegria;
• Socialização, cooperação;
• Intercâmbio de informações;
• Respeito à fala e à opinião do colega;
• Crítica positiva ao erro do colega por falta de coerência frente às dicas apresentadas;
• Uso social, utilidade do objeto, função;
• Atenção;
• Concentração;
• Localização geográfica e histórica;
• Envolvimento familiar;
• Expectativa, suspense, curiosidade;
• Localização espacial (em casa, em classe, no ambiente);
• Cultura pessoal e familiar;
• Necessidade de se ter esse objeto - noções de essencial/supérfluo
Conhecimento do Meio Natural:
• Olfato;
• Estados da matéria: sólido, líquido, gasoso;
• Origem: vegetal, animal e mineral;
• Temperatura;
• Matéria-prima e produto industrializado;
• Alimento: origem;
• Paladar;
• Noções de saudável e nocivo para nós;
• Segurança de manuseio: orientação;
• Parte do corpo
FONTE:
• ADRIANA ELIZABETH RISI SIMÕES SIGNORETTI
• KEILA KLINKE MONTEIRO
• LOBÉLIA MARIA D. DE OLIVEIRA DIAS
• ROSEMARY A. CUNHA DAÓLIO
• SILVANA DE FREITAS LÉSSIO
Professoras da Escola Municipal de Educação Infantil “Professor Hilário Pereira Magro Jr.” Campinas/SP
(Revista do professor, Porto Alegre, 14 (54): 5-7 abr./jun. 1998)
ATRAVÉS DO LÚDICO, A CRIANÇA REALIZA UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
Nas classes de educação infantil, quanto maiores forem as oportunidades de trabalhos, de descobertas, manipulações, construções que o professor oferecer às crianças, maiores serão as suas chances de um desenvolvimento harmonioso e compatível com suas possibilidades.
Especialmente aquelas atividades que envolvem o lúdico são desencadeadoras de uma aprendizagem prazerosa e significativa.
A partir da idéia de que o trabalho docente deve ter como objetivo o favorecimento de práticas interdisciplinares, dentro de uma proposta construtivista e sócio-interacionista, o professor deve buscar um modo criativo e direto de atuar, oferecendo às crianças inúmeros jogos, brincadeiras, atividades diversas de culinária, de laboratório e de construções variadas em sala de aula, o que pode vir a melhorar, com certeza, a qualidade do ensino e da aprendizagem.
A atividade que ora apresentamos pretende ser uma sugestão, criada e realizada pelo grupo Interdisciplinaridade Lúdica e que pode proporcionar o desenvolvimento e enriquecimento de qualquer tema ou assunto a ser abordado em sala de aula. Pode ser também, em todas as áreas de conhecimento e provocar o envolvimento do grupo familiar no aprendizado da criança.
Essa atividade tem como objetivos:
• Favorecer a aquisição de habilidades que permitam à criança analisar de forma crítica o mundo que a cerca, enfrentando novos problemas e convivendo com os outros de forma cooperativa, como cidadã afetiva e curiosa;
• Atender necessidades psicossociais, propiciando condições de ampliação de suas experiências, partindo sempre das suas próprias vivências e condições concretas do dia-a-dia;
• Socializar, oportunizando a participação e a espontaneidade, proporcionando seu pleno desenvolvimento e considerando a expressão oral e escrita de cada um, o respeito do grupo como um todo, incluindo os seus familiares;
• Desenvolver e explorar, de forma interdisciplinar, todas as áreas do conhecimento numa mesma atividade, diariamente;
• Favorecer o intercâmbio de idéias, informações, hipóteses, deduções, verbalização, regras e conceitos, como ordem temporal, forma geométrica, peso, cor, tamanho, uso e função, som, odor, classificação, seriação, pertinência, número, sílaba, origem da matéria, sequência, letras, entre outros;
• Ampliar o vocabulário, desenvolver a linguagem, sob o foco descritivo e narrativo;
• Incentivar a curiosidade, o entusiasmo, a imaginação, a representação (gráfica, mímica, pictórica, sonora, dramática).
Para realizar a atividade, é preciso que o professor fabrique a caixa-surpresa, juntamente com as crianças. Ela é uma caixa de papelão, de tamanho regular, onde possam caber objetos de vários tamanhos, devidamente encapada e decorada conforme o desejo das crianças.
A cada dia, uma criança leva a caixa para casa e a traz no dia seguinte, mas que atenda ao estabelecido pelo grupo de alunos. Pode ser, por exemplo, um objeto cujo nome inicie com a letra trabalhada na semana ou a letra do seu nome ou um objeto relacionado ao assunto trabalhado ou de livre escolha da criança. A brincadeira consiste em o grupo adivinhar o que está dentro da caixa.
Para envolver a família e num incentivo à responsabilidade e à criatividade do aluno, o professor coloca dentro da caixa algumas instruções que devem ser atendidas, o objetivo a que se destina, o observações que forem necessárias. (Ver o quadro Instruções.)
INSTRUÇÕES
1. A criança deve escolher qualquer objeto (brinquedo, vestuário, utensílio doméstico etc.) e colocá-lo dentro da caixa. Apenas um objeto.
2. Na classe, ela terá de dar dicas para que os colegas descubram o que há dentro da caixa. Por isso, é aconselhável que os familiares conversem bastante com ela, explorando o material.
3. No cartão que há no interior da caixa, a família deve escrever o nome do objeto, em letra de forma ou de imprensa.
OBJETIVO:
Oportunizar o desenvolvimento da linguagem verbal e o uso da escrita.
OBSERVAÇÕES:
1. O objeto será devolvido no mesmo dia.
2. É indispensável o cuidado com a caixa.
No desenvolvimento do trabalho, deve haver um rodízio permanente entre as crianças, de acordo com critérios estabelecidos pelo grupo, a fim de proporcionar vez a todos.
A atividade pode ser enriquecida e adaptada conforme as necessidades e as possibilidades dos alunos.
Por exemplo:
Para os alunos maiores (a partir dos quatro anos mais ou menos), após os objetos ser mostrado, pede-se que seja desenhado na lousa e que o nome do objeto seja escrito. Porém, enquanto o aluno ainda não domina a escrita, é importante que traga de casa um cartão com o nome do objeto, escrito em letra de forma, dentro da caixa. Assim as crianças, após a descoberta, podem copiar do cartão o nome do objeto.
Posteriormente, o uso desse cartão vai sendo dispensado, quando os alunos, por tentativa e erro, começam a levantar hipótese para essa escrita. Então, após a descoberta do objeto, a criança que trouxe o desenha na lousa e, com o auxílio dos colegas e do professor, vai escrevendo as formas possíveis do nome do objeto.
Nessa escrita espontânea podem ocorrer erros ortográficos, como nos sons parecidos e correlatos (s/c, j/g, s/z, c/k, x/ch...), que com interferência do professor, de forma sugestiva, vão sendo esclarecidos até que a escrita formal tenha se apresentado na sua correta forma gráfica. Não se trata de corrigir a escrita espontânea que, em muitos momentos diários, em várias outra atividades, é estimulada, mas, sim, de apresentar a possibilidade de se refletir e reconhecer até a necessidade de se recorrer ao dicionário ou a outras pessoas, para que tenhamos preservada a exatidão do que queremos aprender, enquanto grupo, da nossa língua pátria.
Se o objeto não conseguir ser descoberto depois de todas as tentativas e dicas possíveis, pede-se que a criança ou o professor escreva seu nome na lousa e que os colegas, a partir da tentativa de leitura, o descubram.
Várias atividades e situações podem ser desenvolvidas com a palavra escrita na lousa:
_ contagem do número de letras da palavra;
_ reprodução da forma de cada letra com as mãos (mímicas), chegando assim à palavra completa;
_ separação e contagem do número de sílabas (quantas vezes eu abro a minha boca para falar a palavra) e, simultaneamente, marcar a cadência com palmas, pulos, batidas na mesa ou nas pernas etc.;
_ discriminação, com a criança, do valor sonoro individual de cada fonema, o que irá ajudar o aluno na formação de novas hipóteses e, consequentemente novas palavras. As letras dentro de nossa proposta são muito trabalhadas enquanto som e não apenas pelo seu nome formal que, paralelamente, é apresentado;
_ levantar nomes de alunos que comecem com a mesma letra, ou que tenham algumas delas em seu próprio nome;
_ imitar o objeto, dramatizar com ele, onde vive, quem o tem;
_ descobrir palavras que combinem com o seu som final (versos, rimas, música).
A caixa-surpresa é, por excelência, uma atividade interdisciplinar; sua exploração chega a ser ilimitada e nunca se torna monótona. Para exemplificar, apresentamos uma situação ocorrida em sala de aula de pré-escolar, em 1997.
Um dos temas trabalhados em abril foi o Índio Brasileiro, resgatado pelas próprias crianças com pesquisas, coletas de informações, etc. Dentro do tema surgiu a letra U, decorrente do UAÍ (tambor indígena). Na semana dessa letra só valia trazer na caixa-surpresa objeto cujo nome começasse com o U. Num determinado dia, o aluno que trouxe a caixa, sentou-se à frente dos colegas, sacudiu-a e passou a caixa para que todos pudessem sacudi-la também, sabendo-se de antemão que não valia abrir a caixa e que só se podia dizer o que achava que fosse o objeto, depois de várias dicas e com quase total certeza, em coerência a elas. O aluno começou a responder as perguntas que eram formuladas:
_ De que cor é?
_ É grande ou pequeno?
_ Quebra?
_ Qual sua forma?
_ É leve ou pesado?
_ De que material é feito?
_ Tem cheiro?
_ Tem em casa? E na escola tem? E na cidade? E no Brasil?
_ Onde se guarda? Onde fica na casa?
_ Onde é usado? Tem música com esta palavra? Qual?
_ Todo mundo tem?
_ Quem usa? Criança ou adulto? Homem ou mulher?
_ É liso ou áspero?
_ É de comer?
_ É frio ou quente?
_ É duro o mole?
_ Para que serve?
Baseados nas respostas às perguntas formuladas, os colegas puderam descobrir que o objeto era um urso polar macho (últimas dicas: não é do Brasil, porque ele mora lá no Pólo Norte e é menino) e sabia-se que não valia repetir algo que já tivesse sido trazido anteriormente.
Verificamos o resgate final da escrita da palavra urso com a colaboração dos colegas. (Em negrito, fizemos a sinalização da palavra para melhor identificação.)
A partir desse exemplo citado, podemos perceber que uma aparente atividade simples como essa e que, geralmente devido ao grande interesse e motivação do grupo, acaba se estendendo por um período maior do que o previsto atinge de maneira interdisciplinar a todas as áreas de conhecimentos. Didaticamente, poderíamos listar as áreas de conhecimentos e algumas de suas possíveis sub-áreas de abrangência, conforme quadro abaixo.
Em nossas experiências com essa atividade, em vários anos seguidos, temos podido nos divertir com objetos os mais inusitados e interessantes. Por exemplo, só vale partes do corpo ou que se usa no corpo aparecem: dentadura, aparelho ortodôntico, lente de contato, óculos, unhas postiça, cueca, aparelho auditivo...
Em só vale com a letra... (escolhe-se a letra) já encontramos espátula, escumadeira, pegador de gelo, mamadeira, isopor, pinça de sobrancelhas, dedal, quebra-nozes, imã, esponja, fraldas descartáveis, engrenagens, minhocas... Entre outros.
É desse modo que estamos estimulando o crescimento da informação e da cultura geral de todos os envolvidos. Faça esta experiência, vale a pena!
ÁREAS DE CONHECIMENTO
Sub-áreas de abrangência
Conhecimento em linguagem:
• Desenvolvimento verbal, gráfico e pictórico;
• Mímica, imitação, dramatização;
• Reconhecimento das formas de letras (escrita individual do aluno);
• Enriquecimento de vocabulário;
• Levantamento de hipóteses e verbalização;
• Ortografia;
• Som, oralidade (valor sonoro de cada letra e valor sonoro de suas combinações);
• Dedução e lógica;
• Musicalidade, rima, ritmo;
• Coordenação viso-motor;
• Coordenação fina e ampla;
Conhecimento em Lógico-Matemático:
• Memória • Quantidade – valor maior/menor;
• Noções de número;
• Cor;
• Textura;
• Peso
• Forma geométrica;
• Volume;
• Tamanho, comprimento;
• Posição;
• Diferença e igualdade;
• Conjunto;
• Pertinência;
• Custo: caro/barato
Conhecimento Social:
• Desinibição, extroversão, alegria;
• Socialização, cooperação;
• Intercâmbio de informações;
• Respeito à fala e à opinião do colega;
• Crítica positiva ao erro do colega por falta de coerência frente às dicas apresentadas;
• Uso social, utilidade do objeto, função;
• Atenção;
• Concentração;
• Localização geográfica e histórica;
• Envolvimento familiar;
• Expectativa, suspense, curiosidade;
• Localização espacial (em casa, em classe, no ambiente);
• Cultura pessoal e familiar;
• Necessidade de se ter esse objeto - noções de essencial/supérfluo
Conhecimento do Meio Natural:
• Olfato;
• Estados da matéria: sólido, líquido, gasoso;
• Origem: vegetal, animal e mineral;
• Temperatura;
• Matéria-prima e produto industrializado;
• Alimento: origem;
• Paladar;
• Noções de saudável e nocivo para nós;
• Segurança de manuseio: orientação;
• Parte do corpo
FONTE:
• ADRIANA ELIZABETH RISI SIMÕES SIGNORETTI
• KEILA KLINKE MONTEIRO
• LOBÉLIA MARIA D. DE OLIVEIRA DIAS
• ROSEMARY A. CUNHA DAÓLIO
• SILVANA DE FREITAS LÉSSIO
Professoras da Escola Municipal de Educação Infantil “Professor Hilário Pereira Magro Jr.” Campinas/SP
(Revista do professor, Porto Alegre, 14 (54): 5-7 abr./jun. 1998)
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Vamos orar:
Querido Pai, eu te agradeço por entender que minhas tribulações e dificuldades são momentâneas e ligeiras. Agradeço porque elas um dia vão passar, deixando-me mais próxima da glória que o Senhor preparou para mim. Pai eu te peço em nome de Jesus, que teu Espírito Santo me renove neste dia. Não quero que as coisas passadas envelheçam em meu coração. Abro mão dos rancores, dos julgamentos, das vinganças, para estar inteiramente livre para receber o que o Senhor tem para minha vida a partir de agora. Enche-me, Senhor, com teu Espírito de amor e perdão, em nome de Jesus. Amém.
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